Não há dúvidas que é no fim de semana que a Mostra Internacional de Cinema ganha força. No 1º dia da 33ª Mostra peguei apenas uma sessão cheia, a de um dos favoritos, o ganhador da Palma de Ouro desse ano A Fita Branca, que terá mais duas sessões na Mostra.
Nos dias seguintes a coisa esquentou mais para o fim do dia, principalmente nas salas do Unibanco Arteplex do Frei Caneca. Nos dois dias que passei lá à noite vi grande parte das sessões da noite lotadas, misturando os novos filmes de diretores estrangeiros consagrados e nacionais. É sempre bom ver sessões de filmes brasileiros como Hotel Atlantico e Natimorto cheias durante a Mostra, e aparentemente isso tem acontecido nas sessões da noite.
E se você tem dúvidas de onde ir nos próximos dias, apesar das dicas a minha sugestão é mesmo ao Arteplex do Frei Caneca. Com 5 salas vai ser difícil não encontrar um filme bom e com um horário mais próximo do desejado. E se todos as sessões estiverem cheias ainda dá para subir até o Espaço Unibanco, ou Bombril.
Tenho três grandes sugestões para o dia, dependendo do tipo de filme que você gosta. A primeira é para o Arteplex para ter uma overdose de Theo Angelopoulos na sala 5. Angelopoulos é um dos grandes homenageados da Mostra nessa edição com uma retrospectiva a Mostra nessa edição.
Serão exibidos apenas 3 filmes, mas é bom avisar que o mais curtinho tem 2 horas, e o mais longo 3 horas. Fazem parte dessa maratona do cineasta grego: Um olhar a cada dia, O apicultor e Trilogia – O Vale dos Lamentos.
Segunda sugestão: assistir a última sessão na Mostra do imperdível documentário O Inferno de Clouzot. O inferno refere-se ao título do filme inacabado do diretor francês Henri-Georges Clouzot e ao que se transformaram as filmagens do filme, graças ao perfeccionismo doente do diretor. O documentário conta com depoimentos da equipe e colaboradores de Clouzot, imagens de arquivo, e muitas imagens das filmagens e principalmente dos testes realizados antes da filmagens. Clouzot pretendia fazer um filme audacioso, ousando nas imagens, cores, som, tudo a fim de criar um universo bizarro para os delírios de um marido ciumento.
O diretor gastou meses testando maquiagem, luzes, figurino, som, fotografia, texturas, efeitos e testando cenas, antes de partir para as filmagens que foram encerradas apenas depois de 3 semanas. O filme seria estrelado por Romy Schneider e Serge Reggiani, mas graças ao processo incessante de repetir cenas por horas, Reggiani acabou abandonando o filme.
A sensação que fica é de tristeza e encanto, pois se O Inferno tivesse sido concluído, seria uma obra-prima alucinante. Uma mistura de Fellini, com Antonioni, um pouco da vanguarda francesa dos aos 50, com um toque único e moderno de Clouzot. O filme é parada obrigatória para cinéfilos, cineastas e aspirantes. Para uma amostra da beleza das imagens, confira o vídeo abaixo:
Minha última grande sugestão é ir para a Cinemateca. Qualquer uma das duas primeiras sessões, com O Banquete de Hasse Ekman e 35 Doses de Rum de Claire Denis, já vale a ida até lá. Mais à noite há uma animação futurista sueca Metropia. E para fechar bem, aproveite assista ao documentário A Ilha de Bergman, seguido da abertura da Instalação Ingmar Bergman.
Outros destaques para a programação de hoje:
500 Dias Com Ela (500 Days of Summer), de Marc Webb
A Mulher do Lado (La Femme D’à Côté), de François Truffaut
Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), de Pedro Almodóvar
Alga Doce (Tatarak), de Andrzej Wajda
Amanhã ao Amanhecer (Demain, Dès L’Aube), de Denis Dercourt
À Procura de Elly (Darbareye Elly), de Asghar Farhadi
London River (London River), de Rachid Bouchareb
O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox), de Wes Anderson
Patrick, Idade 1,5 (Patrick 1,5), de Ella Lemhagen
Videocracy (Videocracy), de Erik Gandini








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