Durante a noite de ontem foi realizada a cerimônia de encerramento da 33ª Mostra Internacional de Cinema ao ar livre na Cinemateca Brasileira. Sim, ao ar livre, com direito a telão, cadeiras de plástico dispostas em frente palco montado para a entrega dos prêmios, visão para os prédios da Cinemateca e para as árvores da parte de trás do terreno.
Como acontece todos os anos, o evento não começou pontualmente às 21h, conforme o planejado. As árvores começaram e se mexer com um vento que anunciava chuva à vista, mas nem isso fez com que a entrega se adiantasse. Decorrido um bom tempo, talvez menos de uma hora, a cerimônia finalmente começou, com a entrega do prêmio Aquisição Canal Brasil. E logo depois a garoa veio.
A organização já havia planejado que a chuva viria, e logo que ela começou, foram logo entregando capas de chuva para o pessoal. Muitos, que assim como eu estavam tomando notas do que acontecia, fugiram com cadeiras, bloquinhos e notebooks para debaixo da partes cobertas dos prédios. E a entrega dos prêmios continuou, com a chuvinha dando trégua em alguns momentos até parar de vez.
Alguns momentos curiosos da premiação: os diretores de Pixo, João Wainer e Roberto T. Oliveira, disseram que tinham muita gente para agradecer, mas como estava chovendo eles não iam “fazer essa sacanagem com o pessoal”. Tatiana Issa e Raphael Alvarez subiram ao palco duas vezes pelo filme Dzi Croquettes para receber o prêmio Itamarati de melhor documentário, e o prêmio de melhor documentário pelo voto do público.
O segundo Prêmio Humanidade dessa Mostra foi para Gian Vittorio Baldi, que aproveitou que estava no palco e passou uma cantada na moça que fazia a tradução. O vencedor do outro Prêmio Humanidade dessa edição foi Theo Angelopoulos, que o recebeu dia 27 de outubro após uma exibição de um de seus filmes no CineBombril.
Mas o melhor momento de todos foi quando o diretor alemão Andreas Arnstedt ouviu seu nome e subiu ao palco meio perdido, sem saber ao certo o que tinha ganhado. Ele ficou muito emocionado, falou que estava muito feliz de estar na América do Sul pela primeira vez e ainda ganhar um prêmio, e quase sem palavras explicou sobre as dificuldades de fazer o filme quase sem recursos. Tudo isso antes mesmo de saber que tinha ganhado o prêmio de melhor diretor pelo voto do júri por seu filme Os Dispensáveis, e Andrè Hennicke como melhor ator de seu filme.
O grande vencedor da noite foi o filme sul coreano Sex Volunteer, do diretor Kyeong-duk Cho, que arrebatou Troféu Bandeira Paulista, o prêmio de melhor filme pelo voto do júri, escolhido entre os 12 filmes mais bem votados pelo público.
Após a cerimônia, e sem chuva, começou a exibição o excelente filme de Saoul Maoz Lebanon, que conta a história de um dia da guerra do Líbano de 1982, através da perspectiva de um grupo de soldados dentro de um tanque. O filme, ganhador do Leão de Ouro em Veneza nesse ano, é impressionantemente bem realizado, prendendo a atenção do espectador até o último momento. Fato que foi provado, pois no momento mais tenso do filme, próximo ao final, a chuva voltou a cair, e forte dessa vez, mas o público apenas deslocou as cadeiras para os locais cobertos, mantendo os olhos do telão até o final. Realmente vai para a lista do imperdíveis.
Realmente a noite passada foi uma experiência diferente, e boa, para um final da Mostra. Não sei se outro filme teria o mesmo efeito, mas o lugar combinou perfeitamente com o filme. Pena que na volta eu não tinha conexão para poder postar sobre isso. Agora, sem mais demoras, segue a lista dos ganhadores, e lembrando que a partir de hoje haverá a exibição de vários deles na programação extra da 33ª Mostra, mais conhecida como repescagem.
Os Premiados da 33ª Mostra Internacional de Cinema
Prêmio Aquisição Canal Brasil
Júri: Débora Miranda (G1), Dafne Sampaio (Monet), Marcos Petrucelli (Rádio CBN), Neusa Barbosa
Melhor Curta-metragem: O Príncipe Encantado, de Sérgio Machado e Fátima Toledo
Prêmio Itamarati
Júri: Maria Angela de Jesus (Diretora HBO – Latin America), Mário Antônio de Araújo (Divisão de Promoção do Audiovisual – Ministério de Relações Exteriores), Ruy Gardnier (jornalista e crítico, Revista Contracampo, O Globo e Camarilha dos Quatro)
Prêmio Especial – Homenagem pelo Conjunto da obra: Paulo César Saraceni
Melhor Curta- metragem: Insone, de Marília Scharlach e Marina Magalhães
Menção Honrosa – Melhor Documentário: Pixo, de João Wainer e Roberto T. Oliveira
Melhor Longa-metragem – Documentário: Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Melhor Longa-metragem – Ficção: Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo
Prêmio da Crítica
Melhor Filme Estrangeiro: Ninguém Sabe dos Gatos Persas (Kasi az gorbehaye irani khabar nadareh), de Bahman Ghobadi
Melhor Filme Brasileiro: O Sol do Meio-dia, de Eliane Caffé
Prêmio do Público
Prêmio do Festival da Juventude: Saída a Nado (Allt Flyter), de Måns Herngren
Melhor Documentário: Tom Zé Astronauta Libertado, de Ígor Iglesias Gonzáles
Melhor Longa-metragem Estrangeiro: O Último Dançarino de Mao (Mao’s Last Dancer), de Bruce Beresford / Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), de Pedro Almodóvar
Melhor Documentário Brasileiro: Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Melhor Filme Brasileiro de Ficção: Carmo, de Murilo Pasta
Prêmio do Júri – Documentário
Júri: Gian Vittorio Baldi (cineasta e produtor, Itália), Ugo Giorgetti (cineasta, Brasil), Christiane Riera (roteirista, Brasil)
Melhor Filme: O inferno de Clouzot (L’Enfer D’Henri-Georges Clouzot), de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea
Menção Honrosa: O Abraço Corporativo, de Ricardo Kauffman
Prêmio do Júri – Ficção
Júri: Ali Ozgenturk (cineasta/Turquia), Suzana Amaral (cineasta/Brasil), Marco Becchis (cineasta/Chile), Goran Paskaljevic (cineasta/Sérvia), Jean-Michel Frodon (crítico de cinema/França)
Melhor Diretor: Andreas Arnstedt, por Os Dispensáveis (Die Entbehrlichen)
Melhor Ator: André Hennicke, por Os Dispensáveis (Die Entbehrlichen)
Melhor Filme: Voluntaŕia Sexual (Sex Volunteer), de Kyeong-duk Cho








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